
MPT-SE leva peça teatral às ruas para alertar pessoas em situação de vulnerabilidade sobre o trabalho escravo
Ação é parte da campanha "Trabalho Sim, Escravidão Não"
Uma noite que começou com cultura e terminou com dignidade. Na noite da última sexta-feira (21), o Ministério Público do Trabalho em Sergipe (MPT-SE) e o Instituto Social Ághata, em parceria com outras entidades, levaram a peça teatral “Quem vê cara, não vê coração. Trabalho sim, escravidão não!”, apresentada pelo Teatro de Bonecos Mamulengo de Cheiroso, à Praça Olímpio Campos, na região central de Aracaju. A iniciativa alcançou diversas pessoas em situação de vulnerabilidade.
De acordo com o procurador do Trabalho e coordenador Regional da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (Conaete), Adroaldo Bispo, o intuito é levar conhecimento acerca do tráfico de pessoas e do trabalho escravo. “Resolvemos trazer o espetáculo que trata do tema em uma linguagem simples para esse grupo que merece e precisa ser visto pela sociedade. O intuito é que essas pessoas saiam da invisibilidade e tenhamos políticas públicas que efetivamente tirem elas dessas condições. A expectativa é que eles estejam munidos de informação para não correrem o risco de serem aliciados”, explicou o procurador.
O projeto Banho para Todos, a Pastoral do Povo da Rua e a Cáritas Arquidiocesana, em parceria com o MPT-SE e o Instituto Social Ághata, aproveitaram a ocasião para oferecer dignidade a migrantes e pessoas em situação de rua ou vulnerabilidade, de modo geral. Além da estrutura para tomar banho e a disponibilidade de itens básicos de higiene, essas pessoas tiveram a oportunidade de fazer uma refeição completa e adquirir roupas e calçados que foram fruto de doações.
O coordenador da Pastoral do Povo da Rua, Marcos Corrêa, explicou como se deu a articulação para reunir os grupos. "Estamos nas ruas diariamente, levando amor em forma de alimento. Então, convidamos pessoas em situação de vulnerabilidade por todos os pontos que passamos”. Ainda de acordo com o coordenador, a conscientização é resultado de um olhar humanizado das instituições envolvidas. “Trazer um teatro ao ar livre para pessoas sob essas condições, que já vivem a exploração pela necessidade de sobrevivência nas ruas, é uma maneira muito humana de levar o alerta contra o trabalho escravo”, pontuou.
A diretora do Instituto Social Ághata, Talita Verônica da Silva, reforçou a importância de destinar o alerta a essas pessoas. “Um dos nossos objetivos enquanto instituto social é justamente trazer essa campanha para a ponta, onde estão os mais vulneráveis. Informar as pessoas e socializar conhecimento para permitir que elas tomem conhecimento do que configura ou não trabalho escravo é fundamental. Afinal, elas podem ser possíveis vítimas, e precisam saber como se defender”, afirmou.
A iniciativa também contou com a presença dos projetos Redução de Danos (RD) e Consultório na Rua, vinculados à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Município de Aracaju. Com isso, as pessoas em situação de vulnerabilidade tiveram a possibilidade de atendimento de uma equipe multidisciplinar, composta por assistentes sociais, enfermeiras, técnicas de enfermagem, psicóloga e médica clínica, que prestam aconselhamento sobre drogas, fazem testes rápidos, aplicação de vacinas e acompanhamento de pré-natal e doenças, além do encaminhamento para serviços de saúde em unidades básicas.
Sobre a peça teatral
A peça “Quem vê cara, não vê coração. Trabalho sim, escravidão não”, de autoria e direção de Gustavo Floriano, faz um alerta contra o trabalho escravo contemporâneo, que fez mais de duas mil vítimas só em 2024. Apresentada pelo Teatro de Bonecos do grupo Mamulengo de Cheiroso, a apresentação é parte da Campanha contra o Trabalho Escravo, promovida pelo MPT-SE, que este ano tem como lema 'Gente nasceu pra ser livre, não pra ser escravizada'.
*Fotos: Instituto Social Ághata