Desigualdade racial no mercado de trabalho é tema de audiência coletiva no MPT-SE

Encontro discutiu a implementação de políticas de inclusão em instituições de ensino

A diversidade racial ainda é um desafio no setor privado brasileiro. Esse foi o ponto de partida da audiência coletiva promovida pelo Ministério Público do Trabalho em Sergipe (MPT-SE) na manhã da última sexta-feira (13), que reuniu representantes de Instituições de Ensino Superior (IES) do estado para discutir a composição racial das instituições e a implementação de políticas de inclusão.

O procurador do Trabalho Raymundo Ribeiro, que conduziu a audiência, disse que o objetivo do encontro foi despertar nas IES privadas que atuam em Sergipe para discutir a inclusão social e racial no mercado de trabalho. “Neste primeiro momento, o Ministério Público do Trabalho busca estabelecer um diálogo social, por reconhecer que a cooperação é fundamental para enfrentarmos a desigualdade social e racial, que é um problema estrutural da sociedade brasileira”, destacou. Ainda de acordo com o procurador, as instituições de ensino superior são as primeiras a serem provocadas acerca do tema devido ao seu papel essencial na mudança da sociedade, visando à formação e à promoção da inclusão social e racial.

Na ocasião, foi apresentado o “Programa Diversidade 2023-2024”, elaborado pela Universidade Tiradentes (UNIT), que busca promover a temática da diversidade através da educação e desenvolvimento de projetos que incentivem a inclusão de grupos raciais minoritários em cargos de direção. A diretora de Recursos Humanos do Grupo Tiradentes, Alessandra de Faria, explicou as fases de elaboração do programa. “Realizamos um letramento para garantir que todos tivessem conhecimento sobre o tema, seguido de um censo interno para entender a composição racial da instituição. Agora, estamos implementando estratégias para promover a inclusão de negros e pardos em novas posições”, afirmou.

A Diretora de Recursos Humanos do Grupo Tiradentes, Alessandra de Faria, conduz a apresentação do Programa
A Diretora de Recursos Humanos do Grupo Tiradentes, Alessandra de Faria, conduz a apresentação do Programa

A professora da UNIT, Sara Regina Barbosa, especialista em temas de diversidade ética e também membra do Núcleo de Estudos de Cultura da UFS (NECUFS), auxiliou no processo de elaboração do programa e destacou a relação entre as instituições de ensino e o debate das questões étnico-raciais “A Universidade foi pioneira na medida em que não apenas falou sobre o assunto, mas também tornou isso prático. Estamos lidando com um espaço de produção de conhecimento e nada mais justo do que produzi-lo a nosso favor, gerando mudanças de comportamentos sociais”, reforçou.

A expectativa é que o projeto experimental desenvolvido pela Unit sirva de ponto de partida e que as demais IES também contribuam com essa iniciativa, incluindo, como primeiro passo, a realização censos internos para mapear sua composição racial em todos os cargos de cada instituição. A partir disso, será discutida a assinatura de termo de cooperação com as instituições, que deverão encaminhar considerações e propostas sobre suas visões institucionais dentro do prazo estabelecido de 90 dias, contribuindo para avanços na temática, incluindo a implementação de cotas étnico-raciais.

Encontro reuniu representantes de cerca de 10 Instituições de Ensino Superior do estado
Encontro reuniu representantes de cerca de 10 Instituições de Ensino Superior do estado

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