“Trabalho Escravo ainda existe”: população adere à campanha de alerta sobre o tema
Quem passar pela região dos Mercados Centrais de Aracaju, até esta quinta-feira (25), será convidado a refletir sobre a realidade do trabalho escravo no Brasil e em Sergipe. Trata-se da campanha “Trabalho Escravo ainda existe: liberdade em foco na busca pelo trabalho digno”. Com distribuição de panfletos e exposição de imagens de trabalhadores resgatados em situação análoga a de escravo, o objetivo é conscientizar a sociedade. “Queremos mostrar que o trabalho escravo não é algo do passado. É uma realidade pujante, existe e continua crescendo”, destacou o Procurador do Trabalho e Coordenador Regional da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (CONAETE), Adroaldo Bispo. A iniciativa é uma realização do Ministério Público do Trabalho em Sergipe (MPT-SE), em parceria com o Instituto Ágatha, a Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo (SETEEM) e a Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo (COETRAE).
Em 2023, 3.190 trabalhadores foram resgatados em condições semelhantes às de escravo. O número, divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, foi o maior dos últimos 14 anos. Jamisson de Jesus é jardineiro. Passava pelos Mercados Centrais, quando a mobilização da campanha chamou a atenção. “Por incrível que pareça, ainda existe trabalho escravo. Essa campanha é fundamental, porque é uma realidade vivida por muitos trabalhadores, seja na agricultura ou em outras empresas”, comentou.
A presidente do Instituto Social Ágatha, Talita Verônica, destacou a importância da parceria para realização da campanha. “Trabalhamos em conjunto na prevenção e no combate a duas temáticas relevantes: o tráfico humano e o trabalho escravo. Essa parceria tem o objetivo de criar ações e articulação política para que haja socialização de conhecimento e promoção de políticas públicas eficientes para garantir a dignidade da pessoa humana”, disse.
O encarregado de operações Avilásio Alves, que também passava pelo local, aderiu à campanha. Há quase 30 anos, ele disse que viu amigos sofrerem exploração, após aceitarem propostas de emprego. “Eles foram para alojamentos inadequados, casas de pessoas estranhas, que não cumpriam com a proposta. Então, essa é uma campanha excelente para motivar e alertar a todos”, frisou.
O titular da Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo em Sergipe (COETRAE-SE), Kalil Ralin, disse que o objetivo é levar essas informações a todos os municípios sergipanos. “Nossa função primordial é erradicar o trabalho escravo no estado. Para isso, vamos levar informação aos 75 municípios sergipanos, para que essa população não fique vulnerável a essa prática. Serão ofertados cursos de qualificação, em especial para as vítimas do trabalho escravo”, destacou.
Próximas ações
Até esta quinta-feira (25), o trabalho de conscientização continua no Corredor das Flores, na região dos Mercados Centrais de Aracaju.
Na sexta (26), a partir das 8h, acontece o II Fórum de Combate ao Trabalho Escravo em Sergipe, na sede do MPT-SE, em Aracaju. Também na sexta e no sábado (27), a partir das 17h, a campanha promove ações na Orla da Atalaia, com a exposição de uma caixa da realidade, com registros e relatos de resgates dos trabalhadores em condição análoga à escravidão.